Lara Jade Coton | "O que nós fomos sabe-o só a saudade.
O que nós fomos é um relógio com ponteiros de infância
marcando os pontos cardeais de uma outra Alegria.
O que nós fomos vai buscar-nos à vida
e regressamos do tamanho dos brinquedos
(...) e na casa de nossa pureza já não se lembram de nós
os primeiros dedos.
(...)Onde havia uma janela era eu o dia
e havia mais que recordar tudo isto:
As velas que envelheciam a noite,
a cama sólida como se explicasse o chão (e o futuro)
(...) e os retratos onde os quartos não acabavam nunca...
(...) As árvores, dentro de ouvi-las à noite,
eram largas bandeiras do vento
ao alto de batalhas onde passavam deuses ardendo,
erguendo os braços como grandes canções.
As sombras dos móveis eram maiores que olhar para elas
(...) e os espelhos atiraram-me, nú, para meus braços,
dentro deles caí até aos versos,
e falo de ti como se fosses ninguém.
À esquina do mundo errado
vou pedir-me emprestado a teus olhos, mãe!" Victor Matos e Sá
|
Sem comentários:
Enviar um comentário