quinta-feira, 6 de março de 2008

Os nossos estranhos

"Estranhos não são as pessoas que não se conhecem: estranhos são aqueles que, estando ao pé de nós, parecem nunca perceber o que se passa connosco."
Eduardo Sá

Pimm van Mourik

"Acredito que os estranhos sejam sempre pessoas conhecidas, que conversam connosco, que nos sabem os gostos e os jeitos, com os quais partilhamos refeições, bebidas, momentos e a vida e a quem, muitas vezes, damos o melhor de nós. Estranhos são caras e corpos familiares, às vezes demasiado familiares, de tanto permanecerem à nossa frente, nos nossos todos-os-dias, na nossa cama. Os outros são simplesmente anónimos. Que por azar não conhecemos, que muito provavelmente nos fariam mais felizes, que poderiam fazer até o impossível para não nos desiludir. Anónimos que também não merecem os estranhos que têm.
A grande dificuldade na vida, é saber quem é quem. Em caso de dúvida, arrasta-os e coloca-os debaixo do sol. Aqueles que tiverem um coração sincero, transformar-se-ão na tua sombra e proteger-te-ão do calor e de tudo.
Os estranhos terão duas sombras. Só para eles próprios. Aquelas que alternadamente vão utilizando consoante a sua conveniência."
Eyes of China Blue

"Devemos ter muito cuidado para não emitir uma opinião demasiado favorável de um homem que acabamos de conhecer; pelo contrário, na maioria das vezes, seremos desiludidos, para nossa própria vergonha ou até para nosso dano. A esse respeito, uma sentença de Séneca merece ser mencionada: Podem-se obter provas da natureza de um carácter também a partir de miudezas. Justamente nestas é que o homem, quando não se procura conter, é que revela o seu carácter. Nas acções mais insignificantes, em simples maneiras, pode-se amiúde observar o seu egoísmo ilimitado, sem a menor consideração para com os outros e que, em seguida, embora dissimulado, não se desmente nas grandes coisas."
Schopenhauer

Closer, Mike Nichols, 2004

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