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terça-feira, 18 de agosto de 2009
segunda-feira, 28 de julho de 2008
Ausências 2
![]() ![]() ![]() ![]() ![]() Eyes of China Blue | ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() | "Escrevo: Não digas nada! Repito: .................... amo. Estás na luz e no pouco que sobra dela, nas vozes que não oiço e nos ecos do silêncio, nos objectos a que falta... o teu dedo. Na almofada, na marca do teu cabelo, na tampa da panela mesmo ao lado do fogão, nas tuas sapatilhas em que tropeço, na tua meia, adormecida... no teu chão. Na banheira um caracol teu... propositado! Na fome e na taça de gelado! Escrevo: NÃO DIGAS NADA! Uma beata esquecida num cinzeiro! Rrrrrrrr....como te odeio! Pergunta-me o que fiz com a tua ausência, pergunta... ABRI A JANELA! A tua ausência não me serve de nada! Tu não estás longe, estás perto, estás aqui ao lado! DENTRO DE MIM E NA PONTA DO MEU SEIO! Então?????? AGORA NÃO DIZES NADA?????!!!!! Escrevo: AMO! EU REPITO: ....................estou chateada." Eyes of China Blue Odeio Você, Caetano Veloso |
quinta-feira, 24 de julho de 2008
Ausências 1
"São cinco da tarde e eu a rilhar o tempo. A tua imagem chega-me, cristalina, como telegrama de última hora. Há uma consolação quase primitiva na memória: a pouca luz que afugentava o medo, o teu sorriso sempre regra, o mapa que se chamava teu corpo por onde me passeava sem receio e sem destino, sem remorso, a tua respiração que me embalava rumo a poemas e a sítios que não sei. Entrelaço os dedos mirrados de serem veias, na ausência da tua carne que a minha levou. Nas rugas do lençol imagino os contornos do teu corpo. Já nada sei do meu: dois seios que se aninham, pequenos e entorpecidos, parece que dormem, duas coxas solitárias que se desprendem de mim, dois joelhos que se afastam, em vão, e me fazem vale com fome. Há um silêncio que é novo e que arranha, ensurdecedor, tudo geme tudo grita, longe as ondas em filme mudo que ouvia no teu peito deitada ou a geografia sonora dos sentidos quando te desejava. Trago na pele um travo amargo a lixa. Já não tenho a lágrima, não sei se secou. Estará em águas de outras fontes que não aqui, talvez no fundo dos teus olhos ou perdida pelos montes, em serras matos ou lagoas, talvez nas costas das folhas das árvores que contigo ergui. Perdi o andar, falta-me o teu corpo a dançar ao lado do meu, nossos corpos eram corpo vai corpo vem como a maré, tropeço no vazio do espaço que ainda te sabe ser, e a mão tomba magra e vazia, como apêndice extraordinário que não reconheço. Sinto que estou no Inverno e tenho frio. ... Assim são os dias, tamanhos de te procurar por entre os objectos que me dizem que não estás. Grandes são as noites, de respirações lentas e horas que são planas, onde permaneço em palavras que não digo, a roçarem-me em ferida o céu da boca. Tudo em ti eram pontos cardeais, tu, minha rosa dos ventos a que me dei. Na imagem do espelho falta-me o teu cabelo e não sei de quem é este rosto que vejo e que me dizem ser meu. Já não sei onde estou. Já não sei o que pensar. Já não sei quem sou. Fumo um cigarro e reflicto. Queres que te conte um segredo? Na tua ausência sobras tu. Falto eu." Eyes of China Blue Eu te amo, Chico Buarque |
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