sexta-feira, 24 de outubro de 2008

2. Análise de micro metroditaduras


Laura Layera

"Será o enamoramento um comportamento anti-social?
(...) Eís uma ideia típica da cultura repressiva (...), uma ideia espalhada, repetida, e que todavia não tem o mínimo de fundamento científico, de provas a seu favor.
(...) Donde deriva então a ideia, muito espalhada, de que o enamoramento é um movimento egoístico e de clausura?
Da instituição política, ideológica ou religiosa, que pretende ter um controle total sobre os indivíduos.
Muitos grupos, muitas instituições, nascidos de movimentos, pedem ao simples indivíduo uma dedicação total ao grupo, (...).
O mesmo acontece nos grupos revolucionários ou políticos onde se instaura uma férrea disciplina, grupos exclusivos que querem a dedicação absoluta e a obediência total do singular, e para os quais o casal constitui um embaraço, um limite, uma privação do poder total do grupo. Isto é, o grupo totalitário sente-se des-privado pela resistência dos singulares, que conservam uma área inacessível ao seu poder, subtraída ao poder totalitário do grupo, e a que chamam o privado.
Do ponto de vista do grupo, aquele limite, aquela privação, aquele privado, é uma restrição, uma perda, e por isso ele combate-o e declara-o egoístico, indigno.
(...) Quanto mais totalitário é o sistema ideológico, religioso ou político, mais hostilidade manifesta em relação a quem quer subtrair-se ao seu poder. Deste modo, ele é também hostil ao casal enamorado, porquanto é a mais pequena unidade social capaz de o desafiar."
Francesco Alberoni, Enamoramento e Amor


Romeo had Juliet, Lou Reed

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