sábado, 22 de março de 2008

Leituras: Cristo clonado

Conta-nos a história de um famoso cientista, que descobre ser judeu e que se empenha numa investigação monumental: a de, em segredo, tentar clonar Jesus Cristo a partir de sangue roubado do Sudário de Turim. Tudo começa a acontecer como há dois mil anos atrás,e que nos leva desde pubs na Irlanda, à alta sociedade de New York, desde as Igrejas de Harlem à Itália facista, tudo numa tentativa de voltar a impedir o segundo nascimento do Filho de Deus, muito embora este cientista ainda nem sequer saiba se o sangue é verdedeiramente o de Jesus Cristo ou se alguma mulher estará disposta a dá-lo à luz.

"Esta imagem no pano, vista ao longo de séculos por milhões de pessoas, nunca deixou de emocionar Félix. (...) A imagem conseguia ser distinguida mesmo a olho nú. A opinião médica concordava que o pano de 14 pés tinha outrora envolvido um cadáver.(...)Um homem tinha morrido e tinha sido envolvido nele, rodeado por plantas e flores, a sua imagem tão nítida como a dele.
Tinha morrido on primeiro século da cruxificação romana,
ou às mãos de um assassino que teve como intenção simulá-lo, e daí produzir uma relíquia fraudulenta. Como é que um falsificador medieval teria sabido contrariar os conhecimentos do seu tempo acerca da cruxificação - ao colocar as chagas feitas pelos pregos no pulso e não na palma da mão? - isso não tinha ainda sido explicado por aqueles que acreditavam que o sudário era uma falsificação. Só recentemente é que arqueólogos tinham ficado a saber que a cruxificação pelo pregar dos pulsos era uma prática romana.
Cada vez que alguma informação científica era fornecida, surgia controvérsia. Mas os crentes não vacilavam e Félix também não. O seu intelecto mantinha-se objectivo por causa do seu trabalho, mas os seus sentimentos não.(...)
Sentiu uma mão no ombro e olhou para cima. Era o Padre Bartolo. Olhando para dentro dos olhos do velho padre, cheios de compaixão, Felix soube o que ele tinha estado a sentir - algo de que ele se tinha sentido incapaz, algo que ele sabia ser pecado - ele que praticava a tolerância. Eram os restos de ódios absorvidos há muito tempo, durante a Escola de Domingo, onde ensinavam às crianças cristãs que os judeus é que tinham assassinado Cristo. Ele sabia mais do que isso, como qualquer católico o sabia. O Vaticano II determinara, em 1965: 'O que aconteceu na sua paixão não pode ser atríbuido sem distinção, a todos os judeus que então viviam, nem aos judeus de hoje'.(...) No entanto, aqui estava aquele sentimento com o qual não queria estar relacionado.(...) Como limpar a culpa redobrada que sentia por ser judeu e por se sentir envergonhado disso?(...)
Ansiosamente, levantou o precioso fruto do seu roubo.
Os judeus não tinham morto Cristo.
Mas, se Deus quisesse, um judeu trá-lo-ia de volta ao mundo."

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